eu te amo e, só por isso, os dias e anos que te amei tiveram gosto de aventura de menino que caminha descalço pela primavera a colher cerejas silvestres na beira do rio, paralisado no tempo e no cantar dos pássaros, enquanto as corredeiras arrastam os lambaris, enquanto as águas contornam as pedras e tudo se embriaga de vida nas tardes de sol quente e sombras úmidas.
e nesse tempo que eu te amei, nesse tempo dos fascínios, no deserto de mim floresceram oásis de névoa, sempre sensíveis as tuas chegadas, transformando os dias em noites e, as noites, em manhãs, sobrevivendo nesse florescer de equilíbrio delicado entre a graça do sentir e a selvageria do querer.
eu te amo e, só por isso, os dias e anos que te amei me fizeram pescador de pérolas a ressuscitar da ruína do tempo e da decadência aquilo que, imune, as agressões, preservou na alma do menino que caminha descalço o que se é ignorado nesse tempo dos homens sombrios.
escrevo com sinceridade sobre esses dias e esses anos, sobre essas flores a colorir o cinza do concreto, enquanto meus pés estão presos no cimento fresco e a alma busca um meio de encontrar a si mesma, ajoelhada no fundo do templo dos sentimentos.
[Daufen Bach.]
Quero agradecer, imensamente, a página Visão Médio Norte pelo publicação de meus versos! É uma honra pra mim! A Denize Paixão Borges, moderadora da página, o meu carinho e ao João Braga Neto, um grande amigo, parceiro nos versos e dono do site, um grade e forte abraço! Daufen Bach.