Choveu, mas não tinha ninguém na janela,
logo após a chuva a janela se abria,
um rosto sorria, ganhava o horizonte,
e na outra janela outro rosto surgia...
A casa pintada no mês de dezembro;
ficava tão nova, papai se orgulhava,
subia nas telhas, tapava as goteiras,
e o cheiro da tinta por dias ficava...
Havia caqueiras em nossa varanda,
eram penduradas nos caibros do teto,
um jardim suspenso na frente enfeitava,
tão contemplativo, tão lindo e discreto!
Agora as janelas só vivem fechadas,
as plantas morreram, chorando relembro:
a chuva "roeu" as pinturas de outrora,
mostrando as camadas de cada dezembro!
Poema de Clécio Dias
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