Olho-me ao espelho, rosto pálido
Meus olhos já não têm a mesma vida
Meu pensamento já não é assim tão válido
E a minha voz, deixou de ser ouvida.
Minhas mãos enrugadas, tão frágeis
E as minhas pernas sinto-as tão pesadas
Meus braços, deixaram de ser fortes e ágeis
E a lucidez, já não é minha aliada.
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Eu não tinha estes ouvidos mortos
Nem minha memória atribulada
Desbravei caminhos tortos
Mas nunca desisti de nada.
Enfrentei passo a passo meus trilhos
Desejo agora que a vida corra
Não deixei morrer meus filhos
Por que quereis, que agora eu morra?
Quando nova, por vós eu fui amada
Agora, sou olhada de esguelha
Mãe! Era assim que era chamada
Hoje, sou chamada de velha.
Não tarda, serei apenas lembranças
Não serei mais, este monte de empecilhos
Olhei por vós enquanto crianças
Olhai agora por mim meus filhos.
Porque eu continuo a ser vossa mãe
Porque eu amar-vos-ei para lá do fim
Se vós quiserdes culpar alguém
Culpai o tempo e não a mim!
José Carlos SC
Escritos Engavetados
Fonte: Página Facebook " Escritos Engavetados "
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