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DIÁRIO DE UMA IDOSA - EMBORNAL, PINGUELA E BALA TOFFEE


Quando eu era pequena, achava que o mundo terminava logo ali onde o sol se põe, que ele dormia e a lua era a sua lamparina. Eu já sabia que o mundo era esquisito e que tinha um buraco enorme de onde saíam os nossos vizinhos japoneses. Pensava que Deus era o eco respondia a gente. Minha maior aventura era ir a pé para a casa da vó (acompanhada dos primos e primas, era uma algazarra) costumava levar meu santinho embrulhado em papel pardo escondido dentro do embornal.


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O meu embornalzinho era carregado, tinha minhas pedrinhas, balas toffee, zorro, um lencinho enfeitado com crochê nas beiradas, um alfinete grande e uma bolita colorida cheia de gomos dentro dela. Eu contava os passos para chegar, era um caminho cheio de borboletas azuis enormes. A reta ( estrada) rodeada de pés de café, tinha pedacinho que era uma mata fechada um pedaço fresquinho que tinha uma pinguela, um riachinho fazendo barulho e um medo enorme de atravessar e cair no buracão cheio de musgo, ali dentro havia um castelo/caverna que abrigava o saci pererê e o lobisomem e os vagalumes.

Para dar coragem deitava na areia bem geladinha, respirava sentido o cheiro de mato, olhando as árvores, os cipós, depois sentava e enterrava os pés que ficavam geladinhos...Tinha que retirar toda a areia para não escorregar na pinguela. Eu não sabia porque era tão fresquinho aquele cantinho da estrada, pensava que era porque ali morava seres da magia, seres do outro mundo. Hoje, quando o desengano me esgana eu corro pra lá, mas, ainda tenho medo de pinguela.


Fonte: Página Facebook " Rosicler Moraes E Souza "

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