"Dois burros velhos planeavam as bodas de prata. Já tinham passado metade das suas vidas juntos e partilhado muitas burrices. A primeira burrice foi a do Hi-Hon: mal se conheceram, ainda jovens, zurraram "Hin-Hon" ao mesmo tempo e casaram imediatamente.
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A segunda burrice repetia-se de cada vez que alguém os obrigava a atravessar uma estrada, e era esta a sua burrice preferida: a meio caminho, firmavam as patas e não havia força no mundo que os arredasse dali. A última burrice dos dois foi a burrice da orelha de burro: Na noite anterior às bodas de prata, sabendo que o burro era muito esquecido, a Burra fez-lhe uma pequena dobra na orelha direita. E o que é que aconteceu? O Burro ficou com a orelha tapada e, como já era surdo da orelha esquerda, continuou a dormir quando o galo cantou e dormiu até à noite, passando todo o dia de festa a ressonar.
Até que a Burra, exasperada, bufou furiosamente e pôs fim às bodas de prata. Pegou, então, nas suas patas teimosas e disse: "Vou-me embora!" Afastaram-se a trote, de focinhos empinados, cada um decidido a encontrar um parceiro melhor. A Burra foi para sul e o Burro...foi para sul também." (...)
Adelheid Dahimene e Heide Stollinger, in "Burros", Trad. Sophie Luisa Fechner (Ed. Orfeu Negro, 2ª Ed., 2019)
Fonte: Página Facebook " Mala d'estórias "
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