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O aquecimento global e os seus reflexos no mundo do trabalho


As condições ambientais extremas enfrentadas pela população mundial em razão das cada vez mais frequentes e intensas ondas de calor têm sido apontadas como uma das possíveis causas do falecimento da estudante da Universidade Federal de Rondonópolis, Ana Clara Benevides, de 23 anos, ocorrido no último dia 17 de novembro, durante o show da cantora americana Taylor Swift na cidade do Rio de Janeiro.


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Segundo dados divulgados por órgãos oficiais de acompanhamento climático, naquele dia a cidade do Rio de Janeiro apresentou picos de temperatura de mais de 40ºC, sendo reportado que a sensação térmica alcançou a casa dos 60ºC.

A fatalidade ocorrida lançou luz para uma temática já há muito debatida entre os cientistas de diversas áreas: devem ser adotadas medidas imediatas para amenizar os efeitos do aumento da temperatura na saúde da população, principalmente para aqueles que estão mais vulneráveis à sua incidência, que são os indivíduos que exercem atividades ao ar livre.


O mundo tem registrado aumentos sensíveis na morte de trabalhadores que desenvolvem suas tarefas ao ar livre, ou em locais mal ventilados, e onde há a retenção de calor.

Em reportagem publicada em junho pelo jornal francês Le Monde, assinada por Alain Constant, foi alertado que o calor faz com que a economia mundial perca mais de 2 trilhões de dólares todos os anos, já que faz com que trabalhemos mais devagar e em condições menos favoráveis.

Sob a perspectiva da saúde dos trabalhadores, o documentário “Trop chaud pour travailler” (Muito calor para trabalhar), produzido por Mikaël Lefrançois e Camille Robert, aponta para a necessidade de se repensar os modos de produção, assim como a legislação aplicável às atividades laborais submetidas às altas temperaturas.

Durante o documentário, os produtores mostraram os efeitos do aquecimento climático em atividades laborais exercidas em diversas partes do mundo. Em uma das situações apesentadas, mais próxima da realidade brasileira, os documentaristas apontam os trabalhadores agrícolas, como os cortadores de cana-de-açúcar da América Central (Nicaragua e El Salvador) que trabalham em condições precárias, os quais, devido às altas temperaturas, associadas ao trabalho físico intenso e com poucos intervalos, vêm sofrendo ataques cardíacos e sendo acometidos por doenças renais.


Nesse caso mencionado no filme documental, a epidemia de doenças renais nos países citados afeta também o sistema de saúde, incapaz de atender o alto fluxo de pacientes que necessitam de diálise.

Nesse aspecto, talvez, a legislação brasileira apresente certa vanguarda em relação aos demais países do continente, uma vez que os limites de exposição ao agente físico calor estão objetivamente definidos na Anexo III da Norma Regulamentadora n.º 09 do Ministério do Trabalho e Emprego.

A referida NR, além de estabelecer limites de temperatura aos quais os empregados podem ser submetidos, determina também medidas preventivas que os empregadores devem adotar obrigatoriamente quando a exposição ocupacional ao calor puder oferecer qualquer tipo de risco ao trabalhador, tais como: disponibilizar água fresca potável e incentivar a sua ingestão; e programar os trabalhos mais pesados, preferencialmente, nos períodos com condições térmicas mais amenas.

Além disso, há previsão, na mesma norma, para adoção de medidas corretivas, como exemplo a alternação entre operações que gerem exposições a níveis mais elevados de calor com outras que não apresentem exposições ou impliquem exposições a menores níveis, resultando na redução do tempo total de exposição, a adaptação dos locais e postos de trabalho, adequação do sistema de ventilação, dentre outras.

Entretanto, os últimos episódios desta nova epidemia de calor têm demonstrado que devemos estar cada vez mais atentos aos sinais de desidratação, aumento ou diminuição brusca da pressão arterial e, principalmente, exigir daqueles que colocam a população em situações de risco (sejam espectadores de um show ou trabalhadores que exerçam suas atividades expostos ao calor) o cumprimento da legislação para amenizar os riscos decorrentes da exposição cada vez mais frequente às altas temperaturas.


Fonte: midiajur.com.br

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